Textos Clandestinos


27 de Setembro de 2011

Por Leandro Alves


Moradores de Rua - A Barbárie Institucionalizada

"Tem gente que passa a vida inteira/Travando a inútil luta com os galhos/Sem saber que é lá no tronco/Que tá o coringa do baralho!"

Esse verso de Raul Seixas, oriundo de um ditador popular, resume - de modo grosseiro - a necessidade natural do homem de criar métodos para elucidar diversos mistérios da vida em geral. Após a justa fusão desse pensamento filosófico à ciência, houveram - e ainda há - através da história inúmeros artífices de difamar certas metodologias que realmente passaram a desmascarar os principais problemas sociais. Isso, até chegar ao ponto do estudo científico e da teoria acadêmica serem totalmente banalizados, seja pela corrupção daqueles que detém os meios de produção acadêmicos e científicos voltando suas pesquisas e estudos ao lucro, seja pela aversão irracional, de elementos – potencialmente – libertários, à academia e à ciência em geral (encontraremos estes dois grupos logo mais no tema em questão). Um exemplo disto tem sido este projeto híbrido de cineclube sem sinceras pretensões artísticas cinematográficas, mas que como ferramenta de diálogo social também tem se mostrado muito limitador, baseando suas discussões em experiências pessoais sem um real incômodo do assunto tratado e, conseqüentemente, sem uma real necessidade de tirar conclusões – ações, nem se fala! – sobre o tal problema social.
Sem mais delongas - esta crítica há de ser mais correta feita em melhor oportunidade - e mostrando como isso é uma deficiência generalizada na sociedade, temos neste episódio do projeto o tema “Morador de Rua”. Um tema que abre margem para dois estudos: 1º) A constituição de uma classe totalmente bárbara, que sobrevive ao lado de uma sociedade em movimento, de forma inativa, degenerada e em situações completamente desumanas; e em 2º) A chamada “estetização da miséria”, ou seja, a confusão que surgiu na linha tênue entre a denúncia social artística e/ou valorização de uma cultura marginal, e a expropriação da imagem desta barbárie em prol da sociedade do consumo. (Neste segundo tópico é importante lembrar que, para mim ao menos, também é muito difícil distinguir até que ponto estamos diante de uma proposta artística afetada, consciente ou inconscientemente, por uma ideologia mercadológica, e até que ponto trata-se de uma necessidade de expressão estética sincera e real.). Tratemos do primeiro ponto.
Um estudo feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) revelou que existem cerca de 18.000 moradores de Rua em São Paulo. Deles, 84% são homens com idade média de 40 anos. A porcentagem de negros também é maior. Esta instituição busca fazer uma avaliação registrando o número de pessoas que moram nas ruas e sua distribuição pela cidade. Além disso, também colhem informações sobre a assistência que elas recebem e suas condições de vida para poder constatar o perfil socioeconômico dessas pessoas que acabam se tornando invisível aos olhos da população. Os moradores de rua não participam do censo do IBGE, pois não possuem residência e na maioria das vezes nem mesmo RG. No primeiro registro feito pela FIPE em 2000, foram constatados 8.088 moradores de rua, sendo que 4.395 passavam as noites na rua e 3.693 em albergues. A segunda pesquisa foi feita em 2003 e constatou 10.399 pessoas, sendo que 4.213 dormiam nas ruas e 6.186 em albergues. Em 2005 o número de desabrigados já estava por volta de 13.000. No país, já ultrapassa dois milhões. No entanto, as estimativas são maiores já que não há um levantamento oficial e, portanto, de melhor qualidade. A maior parte de desabrigados está concentrada no centro de São Paulo e trabalha como catadores de recicláveis buscando alguma maneira de sobreviver. No entanto, é uma classe muito heterogênea. Porém pode-se arriscar dizendo que os três fatores mais importantes para a marginalização extrema são drogas, desemprego e problemas familiares.
A questão das drogas revela a completa falta de interesse do Estado, em todo o processo – da fabricação e propaganda até o apoio sanitário (drogas lícitas); do combate á máfia ao seu próprio envolvimento no tráfico e comércio ilegal (drogas ilícitas); e da ausência de uma política de atividade cultural substantiva nas periferias - para impedir que o vício roube a vida sociável de um cidadão.
Mundialmente, a parcela referente ao desemprego, a priori, contraria toda a falsa propaganda de que os índices de emprego sobem; exemplo disso é o recorde dos EUA de 46 milhões de pessoas que passam a viver abaixo da linha da pobreza devido a crise mundial sem que a mídia convencional alarme o ocorrido. Porém, se de fato houve, no Brasil, uma diminuição no desemprego nos últimos anos e aumento no poder de consumo da população, como explicar o declínio de vida de milhares de brasileiros? No início desta pesquisa, cheguei a dar a mim mesmo uma declaração romântica dizendo que é justamente quando a razão não pode explicar a realidade, que a barbárie ultrapassa seus limites. Balela!, “nada do que é humano é estranho ao homem materialista”! O cálculo é simples.
O crescimento econômico se deu mais por fatores internacionais – busca de mercado, recolonização, amortecimento da crise, etc. – do que por mérito do PT. O mérito de Lula está nas manobras que fez: o aumento do número de empregos, os pequenos reajustes do salário mínimo, a ampliação de crédito, o Bolsa Família e todas as outras pequenas melhorias estão ligadas diretamente aos grandes cortes públicos, á diminuição de verba e á falta de estrutura do Estado a essa outra parcela das camadas mais pobres e no amparo ás pessoas que vivem em situação de miséria, ou seja, um ataque brutal aos desempregados que restaram e á toda a população que depende de serviços públicos básicos. A “nova classe média” também foi financiada pelo arrochamento dos salários  de mão-de-obra qualificada, dos trabalhadores das estatais e do funcionalismo público, mantendo o salário médio estagnado enquanto o PIB quadruplicou. Eis o plano neoliberal: aumenta-se o poder de consumo e privatizam-se os serviços básicos. É óbvio que há uma mentira parcial nesse crescimento empregatício, já que se baseou em relações precárias, terceirizações, subcontratações, etc. Isso também não nos aparece claramente porque é um processo lento até que todos os recursos de um homem acabem e ele vá parar na rua.
Agora, a falida instituição família é um buraco bem mais embaixo. Para não estendermos o assunto, fica dito por hora que as relações entre os familiares tem se agravado a ponto de vermos constantemente casos de homicídios entre os parentes.
O segundo tópico sobre a “estetização da miséria”, por falta de um melhor estudo e por merecer uma atenção especial, fica a ser elaborado posteriormente. Mas podemos adiantar vários exemplos a serem refletidos – inclusive muitas dentro do próprio cinema, se esta palavra não for muito estranha a este projeto - como: o uso da imagem de favelas como paisagens emocionantes em grandes produções, a própria imagem do morador de rua como uma figura cômica, a recente tendência de movimentos suburbanos em exaltar a periferia, a tentativa de ONGs, instituições filantrópicas e aparatos cléricos em “humanizar” a população marginal, etc. Enfim, independente das intenções díspares, unem-se todas essas ações no intuito de alguma forma enquadrar o que não está no quadro da vida social, buscar beleza naquilo que está à margem da sociedade, ou seja, institucionalizar a barbárie.


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10 de Agosto de 2011

Por Pollyana Almië

 Origem das Favelas



As origens da favela estão relacionadas, diretamente, com a má distribuição de renda e ao défice habitacional. O rápido processo de urbanização do Brasil a partir da década de 1950 só veio a reforçar o padrão de ocupação urbana irregular/ilegal iniciado no fim do século XIX. A partir da década de 1950, o Brasil, em franco processo de urbanização, estimula a migração de enormes fluxos de população rural para o espaço urbano em busca de trabalho, nem sempre bem remunerado, aliado à histórica dificuldade do poder público em criar políticas habitacionais adequadas, são fatores que tem levado ao crescimento de favelas. No caso específico do Rio de Janeiro, a reforma urbana de Pereira Passos, no início do século XX, remodelou o centro da cidade, local de cortiços e habitações coletivas. Essa reforma, também ficou conhecida como "Bota Baixo", fez o saneamento e o embelezamento, mas expulsou, sem o pagamento de indenizações, os moradores dos cortiços que, sem opção de morada, foram para os morros. Agora é de se perguntar, por que existiam os cortiços e as moradias coletivas? Aí sim, uma das causas certamente foi o processo de abolição da escravatura. Frise-se, o processo de abolição, que se inicia em 1850 com a Lei Eusébio de Queiroz, originária de pressões inglesas para o Brasil colocar fim ao tráfico de escravos.
Mas, por outro lado, a referência de morada, vida e produção naquela época não eram as cidades, mas sim o campo. O processo de abolição, e a consequente não absorção da mão de obra dos ex-escravos, precarizou, inicialmente..., a vida no campo, e não nas cidades. A primeira favela do Brasil, segundo dados do governo, surgiu sim no Rio de Janeiro, no morro da providência, no centro da cidade, em 1897. O morro foi ocupado por soldados da Guerra de Canudos que queriam moradia como premiação. Como vimos, os problemas sociais/étnicos ou seja lá quais forem, são constituídos em complexas redes de fatores sociais. Dizer que, automaticamente, que a abolição de 1888 = favelização do Rio ou SP é incorrer em deslise histórico/conceitual.




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28 de julho de 2011

Por que lutamos pelas mulheres!

Texto da atriz Pollyana Almië em intervenção cênica 
"Por que a constituição nacional garante o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, idade e quaisquer outras formas de discriminação".













Texto da atriz Pollyana Almië em intervenção cênica 

Por que em um lar a cada dez a sérios problemas de violência, onde as vítimas são mulheres e meninas em 95% dos casos.












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Lançamento do Projeto Tela Clandestina

Por Daniel Marques


No dia 04 de Junho aconteceu na Casa de Cultura Itaim Paulista o piloto do projeto "Tela Clandestina". Primeiramente exibimos o breve documentário " Histórias de Pedra Pequena" que nos mostra o quão rica em história é a região do Itaim Paulista, àrea de atuação do Tela.
Logo após a exibição fizemos uma roda e trocamos idéias acerca da experiência dos convidados, tudo isso acompanhado de uns bons goles de chá e café,o que tornou o ambiente convidativo e descontraido.
Neste dia especial contamos com a presença do Cine Palmarino coletivo de exibição de videos,que atua na região do Jabaquara e que tem como objetivo fomentar a discussão sobre as questões raciais, sobre qual o papel do negro em nossa sociedade. Os companheiros do Cine Palmarino nos contou um pouco sobre a realidade do bairro em que atuam nos disseram algo muito importante e significativo: " É pela cultura que conseguimos nos inserir".
Contamos também com a presença do historiador e pesquisador da história do Itaim Paulista,o professor Jesus. Ele nos contou alguns pontos marcantes da história do bairro,desde a sua ocupação na década de 1950 à sua emancipação na década de 1980,porém ele nos disse que o Itaim Paulista muito antes de sua ocupação já era habitado por índios e que o bairro possui 400 anos . Nos disse também que o local foi construído com muito suor,luta dos moradores e dos movimentos sociais.
Esteve presente o jornalista Vander que escreve no portal do Itaim Paulista e sempre que possível faz a cobertura dos eventos da casa. Eis que neste dia nasceu o "Tela Clandestina",que é uma atividade permanente no calendário da Casa de Cultura do Itaim Paulista que acontece todo 2ª e 4° sábado de cada mês.